Estilos de Aprendizagem (Milton Sobreiro)
A maior
preocupação de um Educador é a de que o educando possa construir, com sucesso,
o seu conhecimento, para tanto, vivemos discutindo e buscando soluções, a cada
vez melhores para que se facilite esse processo. Um dos maiores prazeres que
temos é o de um dia nos depararmos com um ex-aluno bem-sucedido
profissionalmente na área que desejou.
Sabemos que
cada indivíduo é único geneticamente, o que o faz possuir características muito
pessoais, produzidas por seu genótipo. Dentre elas as cognitivas. Dificilmente
encontraremos duas pessoas que incluem em seu universo de conhecimento
determinado assunto de uma forma idêntica. Se olharmos para nós mesmos e para
as pessoas de nossa convivência, percebemos, nitidamente, essa diversidade. Uns
gostam de ler um livro, uma apostila um papel, jornal, revistas especializadas;
outros de assistir a uma aula, uma palestra, um filme; há quem prefira um
áudio, uma música enquanto lê, um podcast de uma aula ou palestra; e os que
necessitam de uma ação para reforçar o aprendizado, práticas nos conteúdos,
experiências, pesquisas, etc... Essas características são conhecidas por
Estilos de Aprendizagem.
Destes, há, por
sua vez, uma grande diversidade, estudados por vários teóricos das áreas de
Educação, Psicologia, Psiquiatria, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional,
Programação Neuro-linguística.... Neste texto trataremos dos Estilos de
Aprendizagem Sensórios, como os chamarei, não que sejam apenas estes que assim
possam ser classificados, mas trabalharemos com três grandes grupos deles, os
chamados Estilo Visual, Auditivo e Sinestésico, e suas características em
relação à aprendizagem.
Estilo
de Aprendizagem Visual
Quando o Estilo
de Aprendizagem do indivíduo é enfaticamente visual, temos nele uma maior
facilidade cognitiva ao montar mapas mentais a partir de conceitos que lhes
sejam apresentados em formas gráficas ou icônicas. Os estímulos visuais lhes
serão de maior valia que simplesmente ouvir uma aula expositiva ou uma palestra
onde o ministrante não utiliza recursos visuais com eficiência. Muitas vezes
são usados, mas em um tempo pequeno para o visual perceber a mensagem.
O visual perde
a atenção ao assunto apresentado quando há um grande número de estímulos
visuais conflitantes, dentro de um conjunto muito extenso de informações
recebidas. Desta forma, como a sua capacidade de processamento da informação é
feito de forma mais rápida que a dos demais, se sua atenção não for assegurada
de forma eficaz, se perde em devaneios, deixando de assimilar o desejado. O que
ocorre, também, se o ambiente em que está lhe chame mais a atenção que o objeto
de aprendizagem, visto que sua capacidade de percepção o faz atentar ao que
está em seu redor, levando-o à dispersão. Sua percepção do ambiente é tão
global que é capaz de, olhando o todo, decompô-lo em suas partes, quando lhe
for necessário.
Seu momento de
estudo deve ser revestido por estímulos visuais, como as vídeo-aulas. Deve
procurar montar esquemas, resumos, anotações, tabelas, gráficos, fluxogramas,
desenhos. Estes podem ser afixados em locais onde o aprendente tenha contato
visual constante, como portas de armários, ou de quartos, papéis de parede de
seu computador.... Com isso, construir imagens mentais do que está estudando é,
posteriormente, reorganizá-la em formas textuais.
Estilo
de Aprendizagem Auditivo
Este trabalha
cognitivamente criando histórias com o que está ouvindo. Sendo assim, por ficar
muito atento aos sons, é facilmente perturbado por outros sem importância que
se tornam, literalmente, ruídos na comunicação com esta pessoa. Outra forma de
desviar-lhes a atenção são informações sonoras desconexas e em muita quantidade
e velocidade, visto que seu processamento de informações não é tão veloz quanto
o do visual. Embora não aparente estar ligado às alterações que estão em seu
plano visual, é capaz de discernir todos os sons e tudo o que está sendo falado
em sua volta.
Outra
característica marcante deste indivíduo diz respeito à sua organização. Mesmo
sendo organizado, depende de uma série de instruções passo-a-passo e outras
informações para agir. Por terem na linguagem sua maior forma cognitiva, ao
estudar repetem para si o que devem aprender. Gravar aulas,
palestras, seminários, ou outros do gênero, podem ser de grande valia para o
auditivo na hora de estudar. Fazer resumos e gravá-los para posteriormente
ouvi-los é de extrema eficácia, assim como ler os textos a estudar em voz alta,
e durante as aulas, ouvir mais que anotar, deixando para fazer os resumos em
outro horário, anotando, durante a aula apenas as informações indispensáveis.
Uma boa conversa com os colegas sobre a aula ou sobre o conteúdo estudado é um
ótimo recurso para este auditivo.
Estilo de Aprendizagem Sinestésica
Por fim, o
grupo dos Sinestésicos. Estes são dependentes de experiências motoras, sendo
assim, a prática ao estudado lhes é essencial ao aprendizado. Sua atenção é prejudicada
quando recebe estímulos áudio-visuais desconexos, pois seu processamento de
informações é o mais lento dentre os três grupos. Por essas características, a
imobilidade os faz perder parte preciosa de sua capacidade cognitiva, muitas
vezes as salas-de-aulas matriciais ou tolhem de aprender, ou os rotula de
“perturbador da ordem”, o que, necessariamente, não o é. Aparentemente
disperso das atividades visuais, é absolutamente consciente do ambiente que o
circunda, pois tem sua atenção muito focada no “eu”, o que não os faz,
necessariamente uma pessoa egocêntrica, mas consciente de seus sentimentos e
sensações. Possui um senso organizativo inusitado, é criativo e chega à
conclusões, na maioria das vezes, diferente da maioria de seus pares.
Algo que
facilita, ao extremo, um sinestésico são os professores com boa movimentação em
sala-de-aulas, que inflexionam as palavras com modulação de voz, interpretando
o conteúdo explicado. As aulas práticas em laboratórios passam a ser uma
ferramenta de grande valor, por lhes ser de fundamental importância a prática
do que está aprendendo. Quando em
momento de estudo solitário, ler em voz alta movimentando-se pelo espaço, que
pode ser um quarto, uma sala, ou, até, uma pista de caminhada ou corrida em um
parque usando um MP3, MP4, IPod... O importante é que associe movimentos,
gestos, inflexões de vozes com o conteúdo estudado, pois quando precisar
trazê-los da memória poderá fazê-lo lembrando da situação de aprendizagem.
O ideal é que
todos busquem desenvolver em si os três Estilos de Aprendizagem afim de que
possam aprender em qualquer situação de construção do conhecimento. E quanto ao
docente, que a cada assunto que irá ministrar, que pense em estratégias
adequadas à cada Estilo de Aprendizagem que encontrará inerente a cada um de
seus aprendentes. Bons estudos a
todos...
Grande abraço!
Milton Sobreiro
Palestrante, Licenciado em Ciências Sociais, Especializando em Educação a Distância, Designer Instrucional, Professor da Rede Estadual de Educação de São Paulo.
Palestrante, Licenciado em Ciências Sociais, Especializando em Educação a Distância, Designer Instrucional, Professor da Rede Estadual de Educação de São Paulo.
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